segunda-feira, 20 de abril de 2009

Santiago express

Se você não é dono do seu tempo, não é dono de nada na sua vida. A vida não faz acordos.(FM) E assim começa a viagem, a primeira viagem em companhia de uma pessoa muito importante: eu. Destino: Santiago do Chile.

1º avião: só queria terminar de ler meu livro até a escala em Assunción, mas definitivamente foi impossível. Os paraguaios estavam enlouquecidamente discutindo a política do país com gritos, risadas e exaltações que só me fizeram prestar atenção no filme que passava, sem som (o fone estava quebrado). Estava vendo um filme do Jim Carrey, aquele que ele só diz sim e tentando não mandar a Adelaide (anã paraguaia do meu lado) ficar de boca calada.


2º avião: agora com fone de ouvido, comida quentinha e o livro na mão, restando apenas 20 páginas, que deixei para ler enquanto sobrevoava os Andes. Quando percebi que estava por cima ‘ daquilo’ (!), confesso, chorei!


Aeroporto de Santiago: eu tenho sorte com taxistas. Ricardo logo sacou seu celular e ligou para minha prima para pegar o endereço que obviamente anotei em algum post-it que deixei em casa, como tantos outros. Resolvido o trajeto, segui rumo a Vitacura, las Neves.

701: recepção com bolo de cenoura, melzita fazendo festa, sorriso já com dois dentinhos do Bruno e claro meus primos.

1ª noite: jantar em família com bom vinho e vista da cordilheira num ambiente que estava desacreditada que existia: um lar com harmonia e amor. Sabe aquela calma que te dá quando está em um lugar onde tudo vibra positivamente, eu estive lá. São 12 anos, que parecem 12 dias. Começa a pontinha da crença que isso é possível quando pessoas se propõem a esta possibilidade. Dormi mais tranqüila. Realmente os dias anteriores tinham sido difíceis de pegar no sono, mas a 1ª noite de Santiago me inspirou.

City Tour: é chato, definitivamente chato fazer city tour, tudo corrido, sobe 10min, desce 15 min, sobe de novo, olha isso, olha aquilo, desce de novo 30 min, mas foi a forma como fui parar em Viña Del Mar e Valparaíso com o Eugênio, meu grande companheiro de viagem, que até encontrou um amiguinho xarope por lá. Eu estava eufórica, pois ia colocar meu pé no Pacífico!E coloquei por mais congelada que a água estivesse. A praia é muito feia, faz muito mais frio que Santiago devido à presença da corrente de Humboltd, mas depois de um almoço delicioso com um ótimo vinho eu tirei a bota e fui para o Pacifico. Já conheço dois oceanos!

De lá seguimos para La Sebastiana, uma das casas de Pablo Neruda que leva o nome como uma homenagem a seu construtor, o espanhol Sebastião Collado. Depois de tanta novidade em apenas um dia na praia, voltei dormindo para Santiago. Novamente um sono gostoso e renovador.

1ª noite fora de casa: Estava certo que um amigo de minha prima me levaria para a noite santiaguina, mas como estávamos no meio de um feriado, ele viajou. Pensei, saio sozinha, mas para onde? Eis que uma amiga do meu primo se oferece para me guiar na noite e não sei se guiou ou me desviou, mas certamente vodka nesta noite não faltou. Ainda estou para descobrir o nome dos três lugares que passamos, todos regados com nossa amiga russa. O primeiro era um lounge em Bellavista que só tenho a informação que foi onde o Radiohead foi quando esteve por lá.De lá fomos para uma balada que parecia um clube que eu ia em SP quando tinha 15 anos. Um horror! Mas para mim tudo era novidade e tudo era para observar.Não duramos 25 minutos lá e demos a volta na cidade de novo para parar em um lugar X que éramos vips com direito a duas garrafas.

Resultado da noite e início do dia: Só sei que acordei em casa, de bota e com meu primo batendo na porta: o pessoal da van já está te esperando há 15 minutos! Acho que devia ter 1 hora que eu estava dormindo, ou melhor, babando. Levantei voando, coloquei uma roupa quente, engoli um biscoito cream cracker e saí correndo até o El Director para encontrar meu novo destino: Valle Nevado.

Subida: entrei pedindo desculpas a todos que estavam me esperando cerca de meia hora (acho que foi isso) e sentei num canto para continuar meu sono merecido. Perdi a subida de 60 curvas a 2600m de altitude. Acordei nos Andes.

Cordilheira: Sabe aquela sensação de que não somos nada, mas nada mesmo diante daquilo tudo! Foi uma das sensações mais incríveis que senti ultimamente. Chorei de novo. Não de tristeza, mas sim de alegria por constatar que aquilo era um sonho de criança, estar nos Andes. E lá estava eu, sozinha, no meio de tudo aquilo. Percebi que tudo tem seu tempo certo. Me deu um alívio tão grande. Por mais que eu estivesse no meio daquela imensidão me senti muito acolhida. Era o momento de tomar uma coca- cola zero.

Con las virtudes que olvidé
Me puedo hacer um traje nuevo (PN)

(continua)

Um comentário:

  1. Viagem com melhor companhia que a sua própria não tem. Mas peraí...o que os Andes tem a ver com coca cola zero? e quem era o tal amigo xarope? rsrs. Bjs, Cá Nobre

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